Todo dia, quando você toma banho, você gira a torneira do chuveiro com a mesma mão
Talvez você esteja curioso agora se perguntando o porquê disso acontecer. Eu explicarei mais a frente. Por ora, saiba que todo dia tomamos centenas e talvez milhares de decisões sem que nos demos conta de que isso está acontecendo. Isso se deve há um personagem que muitas vezes clama por ser o protagonista de toda história, mas fica ali no canto trabalhando sem ser reconhecido como deveria: seu CÉREBRO!
Se você se diz como completo esperto e inteligente, que raciocina tudo o que vai fazer eu tenho só uma coisa pra te dizer: TRUCO, LADRÃO! Você raciocina para andar? Você pensa em cada detalhe de como vai fazer para enxugar as mãos? Você pensa conscientemente para abrir seu smartphone e clicar no ícone do Facebook ou Whatsapp? Muitas vezes sim, mas a maioria das vezes quando assusta, você já está lá.
Hábitos que muitas vezes nem sabemos que temos surgem após muitas repetições divididas em 5 etapas que nos propomos conscientemente ou inconscientemente a caminhar. Falarei sobre cada uma delas nesse artigo.
Essas decisões, relativas ao segundo nível neurológico, moldam nossas futuras decisões e definem todos os nossos comportamentos adquiridos. Antes de falar sobre o tema, quero te convidar para lembrar do primeiro nível neurológico, o ambiente. Eu falo sobre ele nesse artigo e é a base para criarmos esses comportamentos. Tudo nasce em um ambiente, ainda que ele seja virtual. Sugiro, caso não tenha lido, que leia e experimente dentro do próprio artigo um novo ambiente proposto antes de continuar.
A estrutura da formação de um comportamento começa quando nós temos a consciência de que não sabemos algo. Vou pegar o “dirigir um automóvel” para servir como exemplo. Mas você pode colocar qualquer coisa que tenha aprendibilidade no lulgar.
1ª Fase – A Incompetência Inconsciente
Nascemos, começamos a perceber as coisas ao nosso redor e aprendemos várias coisas passando por essas 5 fases do aprendizado por diversas vezes. As primeiras palavas, andar e a errar. Erramos! Vamos nos desenvolvendo e um dia percebemos que não sabemos dirigir. Entrávamos e saíamos de um lugar para o outro utilizando aquele objeto com quatro rodas e ficamos maravilhados porque um dia notamos que o papai ou a mamãe – às vezes o tio Jaimes! (rs) – giram aquele negócio chamado volante e é isso que faz o objeto se mover para os lados.
Vamos nos dando conta que existe os pedais, uma chave, um câmbio… Antes de darmos conta disso estamos na primeira fase: a incompetência inconsciente. Nós não sabemos que não sabemos dirigir!
2ª Fase – A Incompetência Consciente
Agora já sabemos que não sabemos. Lançamos um olhar diferente para nós mesmos e entendemos que podemos tomar uma decisão que vai ser testada de novo na fase seguinte: ou deixamos pra lá e dizemos que dirigir não é pra gente, ou decidimos aprender a colocar aquela objeto de metal para circular nas ruas da cidade.
Esse olhar para nós mesmos percebendo que não sabemos algo é o que há de mais maravilhoso que podemos vivenciar. Infelizmente muitas pessoas desperdiçam as vidas acreditando que um dia completaram tudo e já sabem tudo. Você, leitor que busca crescer incansavelmente, sabe que é impossível saber tudo e, por saber disso, não tem medo de assumir qualquer risco da ignorância e sempre acaba caminhando para a terceira fase: aprender o que for preciso para dirigir. Talvez só não o faça por medo de algo e caso seja esse o motivo, vamos bater um papo e mudar essa realidade.
“Ou estás verde e a crescer, ou maduro e a apodrecer.” – Ray Kroc
3ª Fase – A Competência Consciente
Esse é o momento em que começamos a aprender a dirigir de fato. Quando começamos a colocar a mão na massa no volante. Mas ainda precisamos pensar em tudo a cada tentativa. Direção, marcha, acelerador, painel de instrumentos, embreagem, faróis, seta, retrovisores… respira! desliga o som para concentrar e começa de novo. É uma avalanche de informações que precisamos absorver.
É comum que qualquer coisa que fuja do script nos faça deixar o carro morrer ou frear com uma força que não precisávamos. Movimentos bruscos são comuns, pois não dominamos a máquina. E é aí que somos testados novamente. Desistimos ou continuamos. Ao ultrapassarmos a barreira da frustração, vamos aos poucos nos desenvolvendo e…
4ª Fase – A Competência Inconsciente
… nem percebemos quando começamos a fazer coisas como usar o celular enquanto estamos ao volante. Não nos damos conta de quando começamos a dirigir de forma automática, sem pensar! Essa capacidade plástica de nosso cérebro é o que nos torna capaz de tomarmos decisões conscientes enquanto fazemos outra tarefa de forma inconsciente.
Da mesma forma, podemos pensar em diversas coisas e ainda sim continuar tomando banho. Esse é o motivo pelo qual abrimos sempre a torneira do chuveiro com a mesma mão. Mas talvez muitas pessoas que tomam banho ou dirijam, que é o objeto de nosso exemplo, extrapolaram esse nível de aprendizagem e alcançam mais um passo nessa escala.
5ª Fase – A Maestria
Aqui o negócio fica muito interessante. Diferentemente da incompetência inconsciente, onde não sabemos que não sabemos, a maestria é a fase em que fazemos coisas que nem sabemos que sabemos!
Talvez você tenha experimentado isso mesmo ao volante, quando em um determinado momento você resolveu uma situação, estacionando em um lugar que parecia impossível para outras pessoas. Mesmo sem saber exatamente o que fazer e como entrar na vaga, algo te dizia que era mais ou menos por ali e, como uma intuição, ta daaaá… Perfeito!
A experiência pode ser mais crítica quando, por exemplo, conseguiu fazer um movimento com o carro para se livrar de um acidente que você nem sabe o que fez. Sua mente fez sozinha tudo por você.
Uma manobra em um esporte radical, um desenho surreal, um drible fantástico no futebol ou uma comida especial. Não importa qual seja o domínio, mas sempre há exemplos de mestres nas mais diversas áreas e, invariavelmente, mestres se formam com muita repetição. Alguns estudos sugerem que para chegar nesse nível é preciso de 10.000 horas – referência do livro Outliers, do Malcolm Gladwell.
Utilidade do Comportamento
Quero aproveitar esse post para chamar atenções a dois fatos. O primeiro é que quando se entende o processo de aprendizagem, é possível tirar uma excelente sacada. Comportamentos são desenvolvidos a partir da complexidade de vários aprendizados da nossa vida. Nenhuma vida se resume a aprender uma só coisa, mas um processo que englobado por muitas coisas. Então, há várias coisas que decidimos aprender, pois o ambiente está propício para isso.
Aprender datilografia ou aprender usar um smartphone passam pelos mesmos princípios, porém o primeiro não tem muita utilidade prática nos dias de hoje. Aprender usar drogas ou aprender a soltar pipa também pode ser interessante, mas assim como qualquer coisa que se aprenda, ambos trazem consequências positivas e negativas dependendo de como se usa.
É muito interessante aprender sobre isso, pois são nossos comportamentos que vão dar força ou não para as habilidades que vamos adquirir ao longo do tempo e essas por sua vez, acabam por moldar nossas crenças.
Adquirimos comportamentos muitas vezes abusivos. Comportamentos de risco. Comportamentos que muitas vezes são tóxicos para relacionamentos, carreiras profissionais e muitas vezes não sabemos como aprendemos isso, afinal algum comportamento desse já pode ter sido desenvolvido a tanto tempo que já está no nível da maestria!
A segunda coisa que quero chamar atenção é que você pode aprender a ter o comportamento de auto-observação e autoanálise. Várias técnicas hoje como a Yoga, Meditação, a PNL e o Coaching têm ajudado o mundo ocidental a mergulhar um pouco mais no autoconhecimento. Quer saber mais sobre auto conhecimento? Faz o seguinte…
… vem comigo que no caminho eu te explico!
Excelente texto caro Rogério.
Se me permite acrescentar, entendo existir uma 6a fase, aquela em que precisamos monitorar o ambiente em busca de substitutos às nossas maestrias, aquela evolução natural das coisas (eu tenho diploma de datilografia (rsrsrs), 6 meses de curso, com certificado estudo mais).
Nossas verdades não são absolutas e devemos ser humildes o bastante para reconhecer que temos que continuar, agora consciente disso, a praticar e a aprimorar.
Parabéns novamente,
Um abraço.
Kleber