Dizem que rótulos são para produtos, não para pessoas!
Imagine a situação hipotética de dois partidos políticos em um determinado país disputando o poder. Nesse cenário, há pessoas que defendem o Partido da Esquerda (PE) e pessoas que defendem o Partido da Direita (PD).
Um belo dia, alguém muito influente do PE teve a genial ideia de chamar o pessoal do PD de PerDedores… Esses por sua vez retrucaram com o apelido Pé na Estrada, pois foi exatamente o que aconteceu após o até então presidente eleito, filiado ao PE, sofrer um impeachment.
Essa troca de farpas, e às vezes até chumbo grosso mesmo, não evidenciavam políticas eficientes que os dois partidos haviam feito no passado e sutilmente tentavam esconder o tanto de erro que ambos também haviam cometido, procurando fazer com que o partido parecesse, mesmo sem perfeição, infinitamente melhor perante a imundice do outro.
Nesse ambiente, pessoas que apoiavam o PE e o PD estavam desfazendo amizades, bloqueando pessoas nas redes sociais e até brigando de soco e pontapés, pois não entendiam como o amigo poderia pensar de uma maneira diferente da dele, tão absurda. Só podia ser burro!
Sabe o que que aconteceu no final?
Questão de autoestima
Aconteceu que, você que leu a pequena introdução fictícia acima e, inconscientemente já tomou partido – a favor e/ou contra a algum deles – por ter argumentos preconcebidos em sua mente, fazendo associação com alguma posição da política brasileira atual, está apenas seguindo os rótulos! Nada mais.
Não há informação nenhuma no texto que possa validar uma boa análise de modo que uma decisão possa ser tomada a favor do PE ou do PD que possamos chamar de razoável.
Agora, caso isso não seja com você e está sempre horrorizado com quem se comporta dessa maneira, meus parabéns! Você é uma pessoa mais isenta da influência de algo que pessoas normalmente desconhecem e ignoram. Tal evento acontece principalmente nessas circunstâncias de polarização política: o viés de confirmação.
Embora o viés de confirmação possa acontecer em diversos assuntos e ambientes, é muito comum nas disputas políticas polarizadas. A desvinculação de alguém desse viés de confirmação está estritamente relacionada com níveis de confiança. O artigo citado, que recomendo altamente a leitura, diz:
“Pessoas com altos níveis de confiança procuram com menos relutância informações contraditórias a suas posições pessoais para construírem um argumento. Indivíduos com baixos níveis de confiança não vão atrás de informações contraditórias e preferem informações que sustentem suas posições pessoais. As pessoas geram e avaliam evidências em argumentações com vieses em favor de suas próprias crenças. Altos níveis de confiança reduzem a preferência por informações quem sustentem as crenças pessoais de um indivíduo.”
Níveis de confiança, assim como outras características da personalidade, podem ser treinados e desenvolvidos. São habilidades de um tipo de inteligência que a princípio não tem nada a ver com raciocínio lógico, por exemplo. Pessoas de QI altíssimos entram em brigas totalmente desnecessárias por não terem a inteligência emocional muito bem desenvolvida.
O raciocínio lógico, mesmo assim, pode e ajuda no desenvolvimento da inteligência emocional como um auxiliador na busca do autoconhecimento. Mas é preciso fazer com que ele tenha o foco correto.
O desenvolvimento dessa capacidade pode evitar que nosso metamodelo de linguagem nos jogue para armadilhas que nos façam rejeitar e ter uma resposta justificativa para aquela informação que denigre a imagem do candidato escolhido, mas não deixa perdoar o erro do candidato adversário.
Falácias tomam conta do discurso muitas vezes e sentimentos passam a ser os gatilhos mentais para a tomada de decisão. Sem querer, às vezes nós nos posicionamos de uma forma generalista, mesmo quando nos argumentos em questão há omissões de informação ou distorções. Isso diz respeito ao padrão de linguagem que frequentemente usamos. Agora volte ao subtítulo desse texto e me responda – quem disse?
Existem vários tipos de falácias e saber identificá-las é um poderosíssimo instrumento de autoconhecimento. Mais do que fórmulas prontas que encaixotam a pessoa tentando-a convencer de que ela cabe naquele cubinho, entender como funcionam as falácias e as distorções linguísticas pode ser libertador.
Quer saber um pouco mais sobre o assunto? Faça o seguinte…
… vem comigo que no caminho eu te explico!
Esse tipo de discussão é bem comum e piora em um momento de crise econômica como o atual, em que os defensores de uma posição política tende a culpar o grupo adversário pela situação.
Mas acho importante o debate, desde que cada grupo procure embasar bem seus argumentos para se posicionar.
É isso aí, Jefferson! Não tenho nada a acrescentar no seu comentário! É exatamente por aí!